Descubra todas as aventuras que um deserto pode proporcionar.

Oi, viajantes! Vamos continuar a nossa aventura atravessando o Salar de Uyuni, o maior deserto de sal da Bolívia. Para quem não acompanhou a primeira parte da travessia, pode conferir aqui!

Segundo dia no deserto, acordamos às 5h da manhã, teríamos muito chão pela frente. No hotel de sal, nos serviram café quente, chá, biscoitos, pão com manteiga. Um manjar dos deuses para quem está no meio do nada. A primeira parada foi para ver o vulcão Ollagüe, que fica na fronteira da Bolívia com o Chile, com uma cratera de 1.250m de diâmetro. Ele ainda está em atividade e o mais impressionante é que você consegue observar o escape de gases (enxofre e vapor d’água).

De volta ao 4×4, seguimos viagem, agora, para conhecer uma das paisagens mais bonitas que já vi na vida, a Laguna Cañapa, em Potosí. Parece pintura, cena de filme ou algo assim, mas é uma foto de verdade, sem filtro ou qualquer outra edição. Uma amiga minha brincou dizendo que pareciam fotos do Discovery Channel. E aqui, nem precisa ser fotógrafo profissional. Pessoalmente é ainda mais bonito. A lagoa tem água salgada e os vários flamingos que ficam por lá parecem nem se importar com a nossa presença. Eles têm essa coloração rosada por causa dos camarões que comem. A alimentação influencia diretamente na cor da plumagem deles. Simplesmente maravilhoso! Para guardar no álbum de fotos, na memória e no coração.

A segunda lagoa do dia, Laguna Hedionda, tem uma coloração mais esverdeada e também vários flamingos. Foi nesse lugar que fizemos nossa pausa para o almoço. O guia nos serviu um macarrão gelado (para não dizer congelado), uma coca-cola e bastante ketchup picante para ajudar a descer. Então aparece um flamingo e para na sua frente, fica lá, como se nada nem ninguém estivesse por perto. E você se esquece do macarrão gelado e só agradece pelo privilégio de poder ter uma refeição com uma vista dessas em um lugar incrível desses.

Depois do almoço, seguimos viagem para ver a árvore de pedra, uma formação geomorfológica por erosão causada pelo vento muito forte da região, e passamos por paisagens incríveis. Mas a ventania e o frio eram tantos que não conseguimos sequer tirar uma foto junto à árvore.

Continuamos a viagem para visitar a última lagoa do dia, a Laguna Colorada. Seu nome e sua cor têm uma explicação, o plâncton que vive no fundo da lagoa, além disso, ela é salgada. A vista de cada lagoa é mais impressionante que a outra. O frio já começava a apertar e precisávamos chegar antes de escurecer no segundo abrigo.

Chegando ao abrigo, serviram uma sopa quente. Não conseguimos tomar banho esse dia. Precisava reunir pelo menos oito pessoas para que ligassem a caldeira para esquentar a água. Não consegui, ninguém pensava em tirar uma peça de roupa com o frio que fazia. E quando digo frio, era frio mesmo, sem exagero.
Dizem que no inverno, o ideal é ir se agasalhando por camadas.

A primeira, sempre uma blusa que permite o suor passar, uma blusa segunda pele, que não fica molhada como as de algodão, então não resfria o seu corpo. A segunda, uma térmica, justamente para aquecer. Por cima, um fleece, praticamente um moletom. E, por último, a jaqueta impermeável. Mas eu estava usando mais blusas que isso, sete ao todo para ser mais precisa. Duas luvas, três meias, meia-calça fio 80, uma calça térmica, legging e calça de moletom. Gorro e protetor de orelha. Dormimos dentro de um saco de dormir e ainda com um cobertor por cima. Mas mesmo assim, passamos muito frio à noite. Pegamos uma tempestade de neve e a temperatura chegou aos -25 graus.

O medo maior era que a tempestade fechasse a fronteira entre a Bolívia e o Chile. Meu roteiro estava apertado e precisava chegar ao Atacama no dia seguinte. Uma das possibilidades, custaria 50 bolivianos, e era mais próxima. Mas a que mais seria afetada pela nevasca. A outra, nos custaria o dobro de dinheiro e de tempo. Por sorte, o dia se abriu, assim como as portas para o Chile.

Fazer a travessia nunca foi tão difícil. No dia seguinte, seguimos viagem. Nosso último dia pela Bolívia. Passamos primeiro pelos geysers. Uma fumaça fedorenta de enxofre saindo de buracos pela terra. Não fiquei muito tempo apreciando. Ainda estava muito frio pela manhã. O guia nos apressou também, do contrário, não conseguiríamos chegar à fronteira a tempo. Fomos então para as piscinas de águas termais, águas aquecidas por atividades vulcânicas. Para entrar, é necessário pagar 6 bolivianos. Eu e Camila não quisemos entrar. Nosso grupo também ficou sem coragem de colocar roupas de banho com temperaturas tão baixas.

Escrito por Mariana do ig @quintaldamarianinha