Uma incrível aventura pela Bolívia.

Confesso que Bolívia não estava nos meus planos. Bolívia? Que país é esse? Mas foi justamente a Bolívia que mais me emocionou. Um lugar incrível que te faz sair da bolha.

Oi, para quem não me conhece, sou a Mari, completamente alucinada por viagens (diferentona) e isso se tornou mais que um hobby ou uma meta, mas um sonho concretizado a cada passagem emitida, uma forma de me encontrar e me reinventar a cada novo destino, de aprender, conhecer e também poder levar um pouquinho de mim para os outros. Tenho um perfil no insta (@quintaldamarianinha) com fotos e dicas de todos os lugares que visito e algumas reflexões sobre a vida também.

E, a partir deste mês, entro para o time de colaboradores do blog da Gate05. Uma honra e um privilégio poder dividir um pouco da minha experiência com vocês.

Bem, tudo começou com a vontade de ir ao Peru (isso mesmo). Na época, eu estava fazendo mestrado e ganhei uma bolsa para estudar espanhol no Chile. Então, propus para minha companheira de viagens, Camila, para fazemos Peru e Chile. E, ao jogar no Google (santo Google) a opção “viagem Peru + Chile”, a Bolívia apareceu de gaiata no navio. Pensei, “por que não”?

Mas os custos ficariam bem altos fazendo os três países de uma vez e o meu tempo no Chile também não me permitiria conhecer tudo que eu queria no Peru. Acabamos ficando com Bolívia e Chile e foi uma das melhores
viagens da minha vida.


Hoje eu vou contar para vocês somente uma pequena parte, sobre o trecho mais famoso na Bolívia, o Salar de Uyuni. Salar de Uyuni é o maior deserto de sal do mundo, ele contém de 50 a 70% das reservas mundiais de lítio.

Saímos de La Paz com a companhia de ônibus Todo Turismo (http://www.todoturismosrl.com/). Comprei as passagens pela internet mesmo, 39,50 dólares por pessoa (em 2016), mas com jantar e café da manhã incluídos e servidos no ônibus. Foram 10 horas de viagem
mais ou menos, mas como saímos à noite, por volta das 21h, não foi tão cansativo assim. Quando você compra as passagens, já marca a opção do menu do que quer para o jantar.

Chegamos em Uyuni por volta das 7h30 da manhã seguinte. Eu não tinha comprado o tour do Salar com antecedência. Primeiramente, porque me disseram que eu poderia comprar na hora e, segundo, porque o Salar infelizmente enfrenta muitos problemas com relação às empresas que prestam esse tipo de serviço.

Li muitos comentários sobre turistas que foram passados para trás, enganados, roubados, deixados no meio do deserto com carros que estragaram, ou até perderam as malas. Sim, acontece todo tipo de perrengue se você não procura uma empresa de confiança. E de todas as
empresas que pesquisei, tive um número maior de referências positivas da Blue Line Service (100% de aprovação, pelas buscas eu não encontrei nenhuma, mas depois de experimentar os serviços da Blue Line, fiquei muito satisfeita e recomendo).


Saímos em busca do endereço da agência para comprarmos o tour. Chegando na agência, a responsável estava tentando fechar um carro e nos encaixar em um tour. Normalmente, eles fecham um carro 4×4 para 6 pessoas. E enquanto estávamos esperando, eis que começa a nevar. Foi a primeira vez que vi neve na vida. Comecei a chorar e mesmo sentindo o maior frio, fiquei lá, tomando neve na cara como criança, colocando a língua para fora, rindo igual boba. A primeira vez que você vê neve, você
nunca esquece. E para minha sorte, havia 8 anos que não nevava por lá.

Conseguimos fechar o tour na companhia de dois paulistas e um casal de franceses. Seguimos com o nosso guia rumo ao Salar. Incrível como ele se orienta pelas montanhas, e por isso é tão importante ter um guia. No meio do deserto, quando não se vê nada pela frente, você facilmente se perde. A primeira parada foi em uma rua de artesanato da região. Banheiros com descarga? Esquece! Lá são todos a base do balde. Um balde de água para você jogar no vaso sanitário assim que termina suas necessidades. Alguns banheiros têm até incenso… não preciso explicar o porquê, né?

De volta ao carro, passamos pelo Cemitério dos Trens, uma antiga ferrovia que ligava Antofagasta, no Chile, à Bolívia. Alguns eventos ocorridos entre 1920 a 1930, como a Grande Crise de 1929, contribuíram para a escassez de minérios e a futura desativação de alguns vagões, abandonados no meio do deserto.

Logo depois, seguimos viagem para o Salar e quem diria que teria nevado? Lá não neva e é praticamente desprovido de qualquer vida selvagem ou vegetação, uma das peculiaridades do local. Então você se depara com a vista mais linda da vida, aquela imensidão branca, um céu azul indescritível. Eu lambi o chão. Lambi mesmo. Queria ter certeza de que era sal. E era. Mas um sal diferente do que usamos para os temperos. A textura parecida com sal grosso, mas um gosto mais suave.

Aproveitamos para tirar as tão famosas fotos que dão a ilusão de ótica de uma pessoa muito maior ou menor que a outra.

É interessante visitar o Salar em dois momentos. Na época da seca (quanto fui) e você tem esse deserto branco pela frente, ou na época do verão (o mesmo que no Brasil), que é quando chove e o Salar vira um grande espelho a céu aberto, misturando o horizonte e o céu em um só lugar.

No Salar, existe um lugar com várias bandeiras de países do mundo inteiro, mostrando que não existem fronteiras e o outro lado do mundo é logo ali. Você viaja e volta com o mundo inteiro nas costas, respeitando as diferenças e enxergando que, mais do que nunca, somos todos iguais.

Fizemos uma pausa para almoçar, o almoço estava incluído no valor do tour. Para comer, carne, quinoa e salada de cenoura. A carne, meio estranha, confesso. O guia disse que era de vaca, mas depois revelou que se tratava de carne de lhama. Na fome, você esquece facilmente esse detalhe. Mas o gosto é parecido com um lombo bem seco.

Antes do fim do primeiro dia, continuamos seguindo viagem pela imensidão do deserto, até nos deparamos com uma enorme ilha de cactos gigantes. Chama-se Isla Del Pescado, porque o formato da ilha lembra o de um peixe. A subida cansa um pouco. Se você sente os efeitos da altitude, de repente é melhor apreciar só de baixo. Mas se esforce um pouco, porque a vista lá de cima é de tirar o fôlego.

Saindo da grande isla, fomos passar a primeira noite no hotel de sal. E mais uma vez, lambi a parece (hahahaha lambedora oficial de monumentos). Se me disseram que as paredes do hotel eram feitas de sal, fui provar se era verdade. Não só as paredes como as mesas e camas e cadeiras. Tudo feito de sal.

Foi servido o jantar e deveríamos pagar pelo banho. Conheci alguns brasileiros que também estavam por lá, mas fizeram o percurso contrário, saíram do Atacama para a Bolívia. Eles disseram que seria meu último banho quente do tour, o próximo ponto de apoio, se tivesse energia elétrica, já seria muito. Então, os 20 bolivianos que paguei foram os mais bem gastos da vida!

Para finalizar este dia emocionante (continuo relatando o passeio nos próximos posts para não fazer deste um testamento), saí à noite para ver o céu, mesmo e apesar do frio, que você esquece facilmente quando vê tantas estrelas brilhando e te iluminando, e tem ainda mais certeza de que está mais perto do céu.

Gastos para o passeio do Salar (em bolivianos BOB):

800 tour

50 saco de dormir

150 entrada laguna roja

20 banho e aluguel de toalha no hotel de Sal

30 entrada Isla Del Pescado

50 ônibus da fronteira para o Atacama

21 Sopa

Total: 1.121 bolivianos(R$611,28 – valores gastos em 2016).

O que levar para o Salar de Uyuni?

  • Água
  • Papel Higiênico
  • Lenços Umedecidos (para o dia sem banho que vai certamente terá)
  • Roupas quentes (luva, gorro, meia, cachecol, roupa térmica, casaco – você pode comprar na feirinha da parada)

Escrito por Mariana do ig@quintaldamarianinha
Viva novas aventuras.
Acesse nosso site e descubra novos caminhos para colocar o mundo na sua casa.